A ÁRVORE ENCANTADA

Ela ficava localizada bem no centro da empresa, em uma posição privilegiada, com visão de quase todos os departamentos. A árvore era muito alta de tronco espesso com raízes profundas e com capilaridade por quase todo terreno. Sua copa era frondosa e abraçava quase toda organização. Sua aparência era imponente e gerava os mais diversos sentimentos entre os colaboradores, fornecedores e clientes. Por muitos, ela era chamada de KING, pois representava conhecimento e sabedoria. Apesar do tamanho e de uma ótima saúde, ela não gerava sementes ou frutos que pudessem criar novas mudas.

Gerentes e diretores tinham encontros frequentes e programados com KING e, seguindo seus preceitos, reproduziam os rituais e normas que dominavam a organização. Todos procuravam a poderosa árvore para pedir conselhos ou para saber o que deveria ser feito. Os rumos e as principais decisões da empresa eram tomados somente após uma consulta e o seu aval. Com uma disponibilidade total para tudo que fosse necessário, ela era o orgulho e a referência para muitos colaboradores.

Os negócios andavam em pleno crescimento: o aumento das vendas em mercados mais concorridos, o lançamento de novos produtos com maior valor agregado e os processos cada dia mais eficientes traziam grande satisfação e tranquilidade para toda equipe. Ideias de expansão com abertura de novas unidades de negócio estavam rondando alguns diretores mais empreendedores que almejavam grandes conquistas, porém estes planos eram sempre reprovados por KING. Muitos questionavam e não entendiam os motivos de não galgar novos patamares no mercado. O momento era favorável e a situação de maturidade da organização era ótima para um grande salto. Contudo, o poder da árvore era muito grande e sua autoridade nunca podia ser desrespeitada, aqueles que no passado tentaram não estavam mais por ali para contar histórias.

A empresa estava completando 30 anos de existência e KING estava na mesma posição desde o princípio, ela era uma unanimidade. O sucesso dos negócios dependia substancialmente das suas decisões e seu comando. A árvore sabia de tudo que ocorria, até nas áreas mais remotas e esquecidas. Parecia que cada folha, de sua grande copa, tinha olhos e ouvidos para monitorar todos os acontecimentos. A sua forma de pensar e agir moldava o comportamento e a cultura existente. Como os clientes eram tratados, como negociar com os fornecedores e qual o prêmio de produtividade derivava do cerne de KING.

Porém, certo dia, uma doença muito grave atingiu a árvore fazendo com que ela não conseguisse mais se comunicar com os diversos funcionários e gestores. Suas folhas caíram e seus galhos começaram a secar. A morte estava próxima. Um clima de desespero e consternação se abateu sobre todos. O que deve ser feito? Quem deve tomar as decisões? KING não deixou herdeiros ou substitutos, fazia questão de não dividir sua sabedoria com ninguém. Como continuar a jornada?

Um comitê executivo foi formado com a participação dos diretores e gerentes mais experientes. Como ponto de partida, o grupo definiu a necessidade de uma revisão do planejamento estratégico para buscar um alinhamento dos objetivos de curto e médio prazos. Após 2 meses de debate e análise, o grupo não chegou a nenhum consenso. Alguns eram favoráveis à expansão, outros a desenvolver novos produtos e outros, ainda, a investir na satisfação dos clientes com novos serviços de pós-venda. Ficou definido que um novo ciclo de debates ocorreria em 4 meses.

Neste intervalo, uma grande transformação ocorreu, as diversas áreas e departamentos se agruparam conforme as diretrizes de seus representantes. Aqueles que lutavam pela expansão uniram forças, assim como os que acreditavam que novos produtos seriam mais importantes. As ilhas de informação tornaram o trabalho extremamente burocrático e lento. Cada grupo tentava dificultar os trabalhos de seus “concorrentes”. A quantidade de controles e a manipulação das informações deixaram os sistemas gerenciais ineficientes e inconsistentes, tudo necessitava de várias conferências.

Com este novo cenário, a situação anteriormente estável e favorável foi rapidamente comprometida. Os resultados financeiros começaram a apresentar prejuízos, os clientes ficaram cada vez mais insatisfeitos e os funcionários desmotivados pelos conflitos internos. As pessoas falavam: “quando KING estava por aqui, as cosias eram melhores”.

Muitas organizações crescem e evoluem sobre um único LÍDER. Quando ele falta, fica muito complexo o processo de reestruturação da linha de comando e planejamento.

Você conhece ou já trabalhou em uma organização deste tipo?

Líderes que refletem a cultura da organização e motivam os colaboradores devem ser cultivados e preparados. O futuro do negócio depende de árvores com frutos!

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Até o próximo artigo.

Klaus Dieter Wachter

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